A Bahia é um estado que costuma oferecer péssimo atendimento
nos setores de serviços.
Com a suspeita de que sou portador da síndrome do vasovagal
– problema cardíaco que não mata (segundo sites especializados de saúde e bem
estar), mas que proporciona com certa frequência tonturas e alguns desmaios repentinos -
fui hoje ao Hospital Espanhol.
Ano passado, ao levantar-me rapidamente do banco, após uma partida intensa de futebol, fui
surpreendido por uma leve tontura que em poucos segundos me fez perder os
sentidos, caí com o queixo no chão.
Claro, que levei alguns pontos no ferimento. A preocupação com minha saúde me fez procurar
imediatamente um especialista. Meu amigo Yulo César, do alto da sua experiência
de mais de 40 anos em cardiologia acalmou meus receios e requisitou uma série de
exames que se traduziu numa resposta simplificada: meus exames não sugeriam
problema cardíaco algum!
Há quarenta e cinco dias atrás, levantei bruscamente da
cama, senti uma tontura cuja intensidade me era familiar e pimba! Dei de
cara com o mármore do banheiro. Acordei alguns segundos depois com uma fenda na
testa que me custou três pontos e uma cicatriz que levarei e lembrarei pelo
resto da vida. Novamente fui ao encontro do meu amigo-médico e depois de uma conversa
detalhada sobre os sintomas comuns nos dois eventos, meu aparente diagnóstico: síndrome
do vasovagal, doença que impede o bom funcionamento do sistema circulatório.
Da última visita ao
médico até hoje foi cerca de 40 dias para conseguir agenda no centro médico do
Hospital Espanhol para a realização de um dos exames solicitados: o Tilt
Test - exame que avalia o comportamento do ritmo cardíaco e da pressão
arterial em resposta a uma variação da postura corporal - que confirma com exatidão
a hipótese sugerida pelo médico e imprescindível para o meu caso.
Recebi um telefonema ontem do Centro Médico que recomendou acompanhamento,
oito horas de jejum e camisa de botões.
Cheguei pontualmente às nove horas. À atendente entreguei meu RG, a
carteira do plano de saúde e a solicitação do exame assinada pelo meu cardiologista.
Fui surpreendido pelo seguinte questionamento da recepcionista:
- Onde está o relatório médico? Disse a moça.
- Hã! Relatório
médico? Eu perguntei.
- Sim, é uma norma do seu plano.
Prontamente liguei para o celular do Dr. Yulo e informei da
exigência. Este, pacientemente me atendeu e fez um relatório às pressas, que eu
solicitei ao motoboy de imediato buscar e levar até à recepção do setor de
cardiologia, onde eu aguardava. Meia-hora depois, ainda sem o relatório em mãos, ouço nova
recomendação:
- O seu plano exige que seja feita uma solicitação com no
mínimo cinco dias de antecedência ao exame! - falou-me outra recepcionista.
Neste momento, apesar de ter perdido a paciência, me sentei
bem calmamente defronte a ela e tive a certeza de que o setor de serviços ruim
é a regra geral em nosso estado. Porque não fui informado com a devida
antecedência? Apesar disso - eu estava convicto (uma intuição espiritual) de
que realizaria o tal tilt test naquele dia - iniciei minha contra-argumentação:
- Senhora eu estou a cerca de dez horas em jejum, saí de uma
importante reunião de trabalho, providenciei em tempo recorde um relatório
médico e pago em dias meu plano de saúde. Não vou sair daqui sem fazer o exame
já que não fui informado dessas regras pelo momento oportuno – respirei
tranquilamente.
Daí então, levantei e me dirigi a uma enorme janela em vidro
temperado que emoldurava o mar azul turquesa do Porto da Barra e fiquei a
apreciar o lindo dia que Salvador exibia pela manhã. Vinte minutos depois eu
estava deitado sobre a maca iniciando o meu exame. Qual a lógica para tantos
maus atendimentos em nosso estado? Não sei. E se fosse uma pessoa absolutamente
desinformada? Voltaria para casa?
Quando morei em Vitória da Conquista soube do caso de um
conhecido que após uma longa espera numa fila em um bureau instalado num
shopping da cidade para receber sua carteira de identificação estudantil requisitada
semanas antes no mesmo lugar e com a mesma pessoa que traçou com ele o seguinte
diálogo:
- Eu vim buscar minha carteira estudantil – disse ele.
- Só com o RG original e comprovante de pagamento –
respondeu a atendente, sem sequer olhar para o solicitante.
- Estou com o comprovante e a xerox da minha identidade –
insistiu.
- RG original e
comprovante – limitou-se a responder.
- Esta primeira carteira aí em sua frente, bem em cima da
mesa e com fotografia recente sou eu, a senhora poderia, por favor, me entregar?
– tentou novamente.
Ao ouvir pela terceira vez a negativa, o cidadão surtou,
teve um ataque de fúria, voou pra dentro do bureau e com as duas mãos apertando
o pescoço da atendente disse: olhe aqui o que é RG original. Foi contido por
outras pessoas, saiu correndo pelos corredores do shopping e deve estar
respondendo até hoje por crime de lesão. Tantas estórias de maus atendimentos
aqui na Bahia: A antiga NET TV a cabo que deve ter aborrecido 99% dos seus
clientes (eu inclusive), a concessionária do sistema ferry-boat que desagrada a
quase todos usuários, os garçons lentos
e destreinados dos nossos bares e restaurantes e o maior exemplo do mau serviço
prestado ao público no estado da Bahia: o atual prefeito de Salvador, sujeito
nefasto que população soteropolitana teve que conviver nestes últimos oito
anos.
Ao findar o exame, a conclusão do meu tilt test deu negativa
(não é possível afirmar se possuo a síndrome ou não). O médico, a
enfermeira e as duas auxiliares que me acompanharam no procedimento conversou muito
durante os setenta e cinco minutos que durou a sessão. Foram competentes e
atenciosos comigo. Eu fiquei consciente o tempo todo ao longo da análise. Senti-me
seguro. Ouvi várias estórias médicas e me entusiasmei com a disposição com a
qual o grupo trabalhava. Tai uma prova de que nem tudo está perdido e que, contraditoriamente
ao que disse, ainda existem bons atendimentos na Bahia.
é verdade, em Salvador há muitas pessoas despreparadas ocupando cargos que não estão aptos !! problema gravissimo, pois o que era pra ser algo teoricamente simples se torna hiper-burocrático e causando transtornos constantes !
ResponderExcluir"A SVV costuma ter bom prognóstico. A maior parte dos pacientes não necessita de um tratamento específico. Medidas simples, como dieta rica em líquidos e sal, meias elásticas para ajudar na circulação do sangue e atenção aos fatores desencadeantes, são suficientes para evitar desmaios."
ResponderExcluirEu sempre lhe falei sobre esse seu hábito de se alimentar mal. Se ainda fosse o hábito de uma pessoa que não tivesse de passar por stress no trabalho, eu até aceitaria tais comportamentos. Mas creio que não seja o seu caso. No mais, penso que esta disciplina alimentar a qual instituíra à sua vida nos últimos meses, baseada mais em estereótipos midiáticos do que em uma questão de saúde, seja um agravo nesse seu problema.
Tema bacana e boa resenha. Abração amigo! Lembrança à família. Se cuida.
"Sorria, você está na Bahia". Comentário esse que, vertido à essa situação, se torna depressivo. A situação de Salvador, em especial, não está nada boa e há bastante tempo. Comportamentos esses que mostram tanto a indignação dos baianos como também da falta de comunicação e profissionalismo dos mesmos.
ResponderExcluirEstou prestes a fazer o exame tilt test, no referido hospital... So não entendi uma coisa: seu exame deu resultado negativo, e não sabe-se se eh portador da doença? E ai, como proceder agora?
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluiroi eu fis o tilt test e o fc 100a 120 e bom ou não
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